Mencionada pela primeira vez em 1823 na literatura médica, a dor de crescimento é comum em crianças e, na maioria das vezes, não traz grandes consequências.
O médico francês Marcel Duchamp foi o primeiro a notar queixas de dores muscoloesqueléticas na infância e criou o termo “dor de crescimento”, acreditando que eram causadas pelo rápido esticamento.
Apesar da constatação tempos depois que as dores não estavam relacionadas ao crescimento físico, o termo acabou sendo consagrado pela sociedade. Isso ocorreu para diferenciar o fenômeno de uma série de outras condições mais sérias que causam os mesmos sintomas em crianças.
Ainda assim, a denominação “dores de crescimento” é considerada errada na literatura médica, pois é consensual que o processo de crescimento deve ser indolor. Com isso, algumas denominações alternativas podem ser encontradas, como “dores noturnas benignas da infância” ou “dores recorrentes dos membros inferiores”.
Afinal, dor de crescimento existe?
A condição de fato existe, apesar de ainda não serem conhecidas suas causas e origens. Porém, alguns comportamentos puderam ser coletados. O início das crises geralmente ocorre em idade de 3 a 12 anos, em ambos os sexos.
A causa não está associada ao crescimento dos ossos e da parte esquelética, pois não coincidem com os períodos de maior crescimento – os dois primeiros anos de idade e a puberdade. Além disso, estudos detectaram apenas dores em membros inferiores, raramente nos membros superiores e em outras zonas do corpo que também crescem.
Causas
As causas são desconhecidas. A única evidência provável é que as dores de crescimento estejam estar relacionadas com a síndrome das pernas inquietas.
Trata-se de uma condição benigna e de período autolimitado. Isso significa que, depois dos 12 anos de idade, a criança não sente mais as dores frequentes. Além disso, não é uma condição que acomete todos os jovens, apenas 10 a 20% deles.
Sintomas
Caracteriza-se por dores ou latejamentos, geralmente nas coxas, canelas e panturrilhas, e podem acometer as duas pernas simultaneamente.Aparecem geralmente à noite, e são associadas à maior atividade diurna da criança. Em algumas crianças também é possível ocorrer dores abdominais ou de cabeça.
Os sintomas não ocorrem todos os dias e vêm e vão de forma irregular, mas frequente. Geralmente, duram menos de 30 minutos e têm intensidade variável, desde muito ligeira a muito intensa.
Há como diagnosticar?
É um diagnóstico clínico, realizado por meio da conversa da criança e dos pais com o pediatra, visto que a condição não causa alterações notáveis em exames, como radiografias e tomografias.
Durante a investigação, pode-se descobrir outras origens para as dores sentidas na infância, como infecções, tumores, doença de Legg-Perthes-Calvé, osteomelite e neoplasias, entre outras.
Como tratar?
Não existe um tratamento específico na medicina alopática, embora tratamentos homeopáticos possam amenizar os desconfortos.
A boa notícia é que essas dores nos membros inferiores não causam complicações e não afetam o crescimento.
Além disso, você pode ajudar seu filho a amenizar o desconforto das dores com algumas ações em casa, como:
- Massagear as pernas: frequentemente crianças respondem bem a uma massagem gentil.
- Utilizar almofada/bolsa térmica: o calor pode ser de grande ajuda se passado aos músculos. Utilize a bolsa momentos antes de deitar a criança na cama ou em caso de reclamação sobre dores. Um banho morno antes de dormir também pode ajudar.
- Realize alongamentos e atividades físicas: alongar os músculos das pernas durante o dia pode ajudar e prevenir as dores durante a noite